Adubo para o cabelo
Pois é meus caros, de facto o Herman José tem sido um dos cómicos vivos mais apreciados do nosso país.
Quem de nós não o imitou em alguma ocasião ? Quem de nós não se riu já, de algumas das suas piadas ?
É verdade, raramente o talento e a inteligência se encontram em tanta abundância numa só pessoa, para deleite dos demais.
Contudo, o nosso povo costuma dizer que “no melhor pano cai a nódoa”, prenúncio a que aparenta nada escapar e assim o nosso cómico igualmente se submete àquela lei universal.
De facto, à parte as acusações de pedofilia, que já por si seriam suficientemente penalizadoras no apreço que pudesse merecer, custa ver aquele esfrangalhar constante de talento em jorros constantes de atitudes ordinárias e de total desrespeito pelos outros.
Longe vai o tempo em que nos fazia rir de forma sadia e consensual.
Agora não lhe basta ser mal educado, como se tivesse de se refugiar na asneira para fazer rir, não lhe basta expor convidados idosos e de encanto que ele nunca terá a poses de ilustração viva de um qualquer Kamasutra, não lhe basta parodiar gente falecida, onde se inclui a Madre Teresa de Calcutá, ente a que nunca aspirará sequer tentar seguir, não lhe basta ostentar-se em atitudes de falsa modéstia, como também chega a gozar os outros, independentemente do seu estado ou convicção.
De facto, dá-me pena quando um cérebro com vocação de talento e inteligência é remetido para o estado de adubo para o cabelo.
2 comentários:
Com toda a razão, mas é disto que o nosso povinho gosta.
Aquele abraço.
Pois é...
Para mim, o "ídolo" Herman partiu os seus pés de barro há muitos anos atrás, ao vivo e a cores, ainda no tempo em que, frente às camaras ligadas, se esforçava por se portar como um ser humano, convencendo os espectadores que o era. Não precisei por isso de esperar pelos tempos em que ele deixou de ter essas preocupações para modificar radicalmente a opinião que tinha sobre ele.
O que se passou foi relativamente simples, mas paradigmático do seu verdadeiro eu, não me deixando quaisquer dúvidas sobre o ser desprezível que ali se encontrava sob a pele do cordeirinho.
Num intervalo de gravação do programa parabéns, há mais de 10 anos atrás, a criatura em questão encontrava-se a beber uma agua das pedras, sentado na sua poltrona de apresentador, quando o assistente de realização informou a equipa e os/concorrentes e assistência presente, da qual eu fazia parte, que iriam recomeçar a gravação dentro de 5 minutos. Passado este periodo, e não tendo o Herman feito qualquer gesto no sentido de largar a sua água com gas e deixar de palrear já nao me lembro com quem, o assistente de realização voltou a repetir a infomação de que iriam recomeçar a gravação. O Herman encolheu os ombros para a assistência e disse mais uns disparates, ignorando por completo o colega de equipa. Passado mais uns minutos e confrontado com mais um aviso do assistente de realização, expresso de uma forma muito amável e delicada, mas desta vez dirigido especificamente a ele, pois que era o unico membro da equipa que não se encontrava preparado para recomeçar a gravar, virou-lhe as costas e virando-se para o publico presente disse: "Olha-me este! Ainda não percebeu com quem está a falar e que as gravações só recomeçam quando eu me apetecer!"
Alguns elementos da assistência riram-se, mas poucos. Eu não me ri.
Frustrado por não ter tido o apoio do público que esperava, o Herman agarrou na garrafa de agua com gás e arremessou-a pelo chão através do plateau até à parede oposta do estúdio da edipim. A garrafa embateu na parede e conforme esperado, despedaçou-se em mil pedacinhos de vidro verde que se espalharam aleatoriamente por todo o chão do plateau. O Herman ergueu os braços e voltou-se com um sorriso de triunfo para a assistência. Mas desta vez, ninguém se riu. Fez-se um silêncio sepulcral dentro do estúdio.
O assistente de realização deu instruções à equipa para aguardarem e mandou chamar a equipa de limpeza.O Herman sentou-se e não abriu mais a boca nem voltou a olhar para o público. As gravações recomeçaram após a limpeza do plateau sem mais incidentes.
Não sei o impacto que esta cena teve nas restantes pessoas que compunham a assistência, mas eu nunca mais consegui ver um programa do Herman José. Afinal, o ídolo tinha pés de barro e estes despedaçaram-se juntamengte com o vidro verde da garrafa de água das pedras...
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