terça-feira, outubro 25, 2005

Hoje não há luar

Hoje levei a minha mãe para o lar.
Hoje os muros cairam e as portas franquearam-se às dunas dum deserto imenso que pouco a pouco toma conta de tudo à sua volta.
Hoje as hienas não gritam, dormindo onde os leões se deitam.
Hoje os sinos não tocam, e as beatas lançam penas de neve sobre as fogueiras, cansadas da ronda das bruxas.
Hoje descansam os que se quedaram e quedam inquietos os que não se tolheram.
Hoje a noite é calma e o silêncio deixa ouvir o bater dos corações.
Porque hoje não há luar.
Porque hoje levei a minha mãe para o lar.

3 comentários:

SDF disse...

que importa a uma mãe a ausência de luar?
se há cuidado, atenção e aconchego
se há vigília, protecção e sossego
e nos gestos de um filho, tanto amar?

Maria Carvalho disse...

Lindo, cheio de amor e ternura. O luar existirá sempre. Gostei imenso de te ter conhecido. Obrigada Sandra, pela reunião tão feliz da noite passada! Beijos

M.A. disse...

O luar é o Sol do coração que ilumina qualquer ser.
Gostei deste post vivo.


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