terça-feira, março 14, 2006

Assalto à mão "armada"

Sim, é isso mesmo. Hoje fui assaltado à mão armada em pleno dia e numa rua bem frequentada.
Não, não aconteceu em Angola, Moçambique ou na Colômbia. Foi mesmo aqui em Portugal, quando ia trabalhar.
Saio da auto-estrada quando vários elementos de um pretenso bando se fizeram ao caminho de quantos passavam como eu. De repente, um dos elementos faz-me um sinal que não distingui, entre seguir contornando os veículos parados, e parar após os contornar.
Optei pela primeira, mas a visão no retrovisor fez-me mudar de ideias e resolvi dar-lhe a oportunidade de me esclarecer numa atitude calma de "quem não deve não teme", voltando ao local da passagem.
Foi aí que me apercebi que afinal não era um bando de ladrões, pelo menos não estavam a roubar em proveito próprio nem aparentemente por iniciativa própria. Era a GNR-BT que tinha decidido montar a ronda naquele local, dando preferência aos veículos de transporte (que normalmente andam a trabalhar mas que são presas fáceis) e aos que notassem qualquer falta de dístico no pára-brisas, classe em que me incluia.
De facto, o agente que me tinha feito sinal e perante o meu á-vontade de boa fé pelo regresso consciente, simpaticamente me relembrou que me faltavam dísticos no pára-brisas, pedindo a apresentação dos mesmos junto dos demais documentos, incluindo a prova da inspecção do veículo.
Com efeito, tinha todos os documentos necessários e embora tenha concordado com o reparo, eis que afinal não tinha a inspecção do veículo em dia, a que corresponde uma coima de 250 euros.
De facto, embora o veículo tivesse sido inspeccionado há cerca de apenas 9 meses, eu deveria ter ido repetir a inspecção em Janeiro, isto porque uma alma sábia das leis, determinou, não em função do tempo de intervalo entre inspecções, mas que os veículos com matrículas análogas à minha, devem ser inspeccionados em Janeiro.
Ora se o veículo estiver parado por exemplo, por qualquer razão, e entretanto quiser começar a usá-lo em Dezembro, para o que tenho de fazer a respectiva inspecção periódica, esta teria de ser refeita apenas um mês depois, porque a insuficiência racional do legislador assim determinou.
O bom do agente que me interpelou, entendeu que de facto eu tinha agido de boa fé e na suposição de ter de inspeccionar o veículo um ano após a última inspecção (apesar de a informação de Janeiro de 2006 constar no anterior certificado de inspecção a que não tinha dado atenção) e teria tomado apenas a atitude inteligente de dar conhecimento do facto, se não fosse a intervenção do "chefe" que de esporas nas botas, lhe deu ordens para autoar e proceder à extorsão legalmente autorizada, que aparentemente o motivava naquela actuação.
Visivelmente constragido e contrariado pela ineficácia da atitude o agente obedeceu e assim se consumou o assalto que a outros governa e nos colocava a ambos na condição de títeres num teatro bem real, que apenas governantes e algumas figuras públicas ignora em papeis de malfeitores.

6 comentários:

Memória transparente disse...

Simples, esta justiça que reina neste espaço é cega e surda, mas muda já não podemos dizer, porque a sua voz é o resultado da cegues e surdez, como o exemplo do seu texto o prova.

Beijinhos.

Maria Azenha disse...

este recTãngulo está fora de toda a justa causa ...de toda a ética ...mal se vai e bem se "assalta".o teatro que nos governa tem péssimos actores ...
o palco divide-se em duas partes: os roubados e os roubadores...

Onde estás " Portugal Profundo?"...

Aprendiz de Viajante disse...

Obrigada pela tua visita.
Gostei muito do teu blog.
Voltarei

Paulo Ribeiro disse...

esse gang é implacável... já peaasei pela experiência.

Desambientado disse...

Um blog de valor, preocupado com os valores.
Gostei muito. Parabéns.

Maria Carvalho disse...

Olha!! Sabes o que me apetece dizer? Posso dizer?! Vou dizer : merda....Beijos