sábado, abril 15, 2006

Judas Iscariote ... vítima da memória curta ?

Sempre vi Judas Iscariote ser remetido para o recanto dos traidores, sendo frequentemente usado como modelo de comparação para aqueles que de algum modo, traiem os que neles confiaram.
A descoberta e divulgação recentes do manuscrito a que se tem chamado de "Evangelho segundo Judas", veio levantar de novo a questão sobre a hipotética traição de Judas sobre Jesus, agora referindo-se que aquele se limitou a cumprir a missão que este lhe confiara, como o derradeiro sacrifício, decerto acolhido com a condenação dos demais discípulos e crentes.

No entanto, há uma questão que sempre me pareceu evidente "que levaria um discípulo, após uma vivência comum com os demais discípulos, certamente com a mesma devoção e fervor, atraiçoar aquele que era o seu mestre, que tanto adoraria como os restantes ?". "Qual a lógica da actuação atribuída a Judas, sabendo o resultado que isso traria ?"

Será que os restantes discípulos de Jesus, esqueceram todo o tempo que viveram em comum com Judas, para o condenar numa actuação inesperada, que aparentemente não compreederam, colocando assim, em causa, num momento, a experiência de anos ? Será que esqueceram todos um dos aspectos que fora ensinado, o da "confiança" ?

Não me parece que o conhecimento do "Evangelho segundo Judas" venha alterar a posição "franchisada" que a Igreja Católica tem vindo directa ou directamente a fomentar. É sempre mais fácil ignorar que corrigir, mas a verdade, essa será só uma , mesmo que leve mais 1700 anos a ser conhecida de todos.

De facto, quantos de nós vimos condenar em momentos, sem piedade, aqueles que durante anos ganharam a confiança, só porque actuaram, aparentemente sem razão ?
Como é curta a memória dos homens, sejam eles discípulos, ou gente vulgar.

6 comentários:

Memória transparente disse...

A mim também não me parece que a Igreja Católica venha alterar a sua posição. Conforme bem diz para a mesma "é sempre mais fácil ignorar que corrigir".

A verdade será conhecida, não importa o tempo onde irá acontecer, acontecerá.

A memoria terrena é imperfeita e maneável.

Boa páscoa.

Beijinhos.

Aprendiz de Viajante disse...

Passei para deixar um bjinho e uma feliz Páscoa!

Maria Carvalho disse...

A memória é muito curta...é verdade. Beijinhos, Rui.

Anónimo disse...

Devo-te sinceramente dizer, caro Rui, que, salvo qualquer significado críptico que consigas descortinar deste balúrdio de asneiras que rediges, não vejo razão que justifique a condição do nosso amigo Judas, merecedor do assento de honra no inferno de Dante, como aceitável face a algo tão incerto quanto a “confiança”.

Deverá tal acto ser perdoado pela influência de ocorrências passadas?
Será razoável que ponhas de lado o propósito básico deste personagem bíblico? (a encarnação da antítese da moralidade cristã?)
E, em última análise, será criminosa (no seu contexto difamador) essa tua tendência de dizer o que não sabes, por meios que não dominas (literários)?
Poderá Judas processar-te?


Isto sim, meu caro, são questões essenciais…

Breve, sem mais e com votos de melhoras,

João Aquiles

Anónimo disse...

PS- Tais presunções cabem mal a uma mera sombra.

Saiu um artigo no público com um estudo segundo o qual Bush se considera "iluminado".
Será que sua reputação de moralidade o salvará do embaraço?

Por não nos esclarece você?

M.A. disse...

Julgaria eu, que o Sr. Aquiles dissesse Aquilo que melhor soubesse. Além de o não ter dito,não esclareceu ninguém.
Perdeu assim a oportunidade de iluminar todas as sombras que por aqui passam.Seria ético, além do mais.
De qualquer modo,porque hoje é domingo de Páscoa, e o Sr. Aquiles merece como ser humano que é , o respeito que todos os seres humanos merecem , discordando da forma agressiva e arrogante como se dirige a outrém, remeto a sua paciência para a leitura de:

"Après avoir disparu pendant près de 1.700 ans, la seule
copie connue de l'Evangile de Judas, rendue publique jeudi, révèle les
relations de celui-ci avec Jésus sous un jour différent du traître l'ayant
vendu aux Romains.
Le manuscrit de 25 pages en papyrus, écrit en copte dialectal, révélé par la
revue américaine the National Geographic, a été authentifié comme datant du
3e ou 4e siècle. C'est une copie d'une version plus ancienne rédigée en grec

Contrairement à la version des quatre Evangiles officiels, ce texte indique
que Judas était un initié ayant trahi Jésus à la demande de ce dernier pour
assurer la rédemption de l'humanité.
Le passage clé du document est attribué à Jésus disant à Judas: "Tu les
surpasseras tous. Tu sacrifieras l'homme qui m'a revêtu".
Selon les exégètes, cette phrase signifie que Judas contribuera à libérer l
esprit de Jésus en l'aidant à se débarrasser de son enveloppe charnelle.
"Cette découverte spectaculaire d'un texte ancien, non-biblique, considéré
par certains experts comme l'un des plus importants mis au jour depuis les
60 dernières années, étend notre connaissance de l'Histoire et des
différentes opinions théologiques du début de l'ère chrétienne", a souligné
Terry Garcia, un des responsables de la revue américaine.
L'existence de l'Evangile de Judas avait été attestée par le premier évêque
de Lyon, la capitale des Gaules (France), Saint-Irénée, qui l'avait dénoncé
dans un texte contre les hérésies vers le milieu du IIe siècle.
"La découverte étonnante de l'Evangile de Judas comme de ceux de
Marie-Madeleine et de nombreux autres de ces documents dissimulés pendant
près de 2.000 ans bouleverse notre compréhension de l'aube du christianisme"
a estimé Elaine Pagels, professeur de religion à l'université de Princeton
et l'une des grandes spécialistes mondiales des évangiles gnostiques.
"Ces découvertes font voler en éclat le mythe d'une religion monolithique et
montrent combien le mouvement chrétien était réellement divers et fascinant
à ses débuts", a-t-elle ajouté.
Le document bordé de cuir a été découvert dans les années 70 dans le désert
égyptien près de El Minya.
Il a ensuite circulé parmi les courtiers en antiquités pour se retrouver d
abord en Europe puis aux Etats-Unis où il est resté dans un coffre d'une
banque à Long Island (New York) pendant 16 ans avant d'être racheté en 2000
par l'antiquaire suisse Frieda Nussberger-Tchacos.
Inquiet de la détérioration du manuscrit, l'antiquaire l'a confié à la
fondation suisse Maecenas en février 2001 afin de le préserver et de le
traduire.
Après avoir restauré le document, le travail d'analyse et de traduction a
été confié à une équipe de coptologues dirigée par le professeur Rudolf
Kasser, un retraité de l'Université de Genève.
Celui-ci a dit ne jamais avoir vu un manuscrit en aussi mauvais état. Des
pages étaient manquantes, le haut des pages où figuraient les numéros s
était brisé et il y avait près d'un millier de fragments.
Pour reconstituer "le puzzle le plus complexe jamais créé par l'Histoire",
le professeur Kasser a été épaulé dans sa tâche par le conservateur du
papyrus, Florence Darbre, et l'expert en copte dialectal Gregor Wurst de l
université d'Augsburg (Allemagne).
Le document, appelé "Codex de Tchacos", sera remis à l'Egypte et conservé au
musée copte du Caire.
Le National Geographic y consacre un long article dans son numéro de mai et
ouvrira une exposition le 7 avril à son siège à Washington où le public
pourra voir des pages du manuscrit.
La revue, en collaboration avec la fondation Maecenas, présentera aussi aux
Etats-Unis un documentaire de deux heures sur sa chaîne de télévision cablée
le dimanche 9 avril.
Le manuscrit a été traduit en anglais, allemand et français et fait aussi l'objet de deux ouvrages"

LE MONDE.FR 07.04.06

Pode consultar o artigo in:http://www.lemonde.fr/web/article/0,1-0@2-3244,36-759160,0.html