sábado, julho 29, 2006

A poesia nos blogs

No dia 29 de Julho saiu finalmente o livro "a poesia nos blogs" no qual se encontram poemas existentes em vários blogs do espaço nacional.

Trata-se de uma iniciativa de mérito, que testemunha alguma da surpreendente poesia que pulula quase anonimamente o espaço cibernético nacional e não só.
Estão de parabéns todos os participantes e merece o nosso aplauso o Jorge Castro do blog "Sete Mares" que com a sua pro-actividade soube mostrar que muitos desejam, alguns querem, mas apenas alguns como ele efectivamente realizam.

Quanto à minha parca e pretenciosamente discreta participação, dedico-a contudo, àqueles que como eu, passeiam descontraídos neste espaço bloguístico, em especial aqueles a quem diariamente dedico a minha atenção.

quinta-feira, julho 27, 2006

Leite e Mel sobre as dunas

É o rubro da magia dos sentidos.
O Sol uniu-se ao despertar e levanta-se como um véu fino, estendendo-se sorrateiro na languidez do dourar as dunas como se acariciasse de mansinho as curvas sensuais da mais bela das odaliscas num harém onde só cabem os amantes.
O calor intenso denuncia os corpos sedentos na impiedade dos sentidos, onde a areia fina se esgueira num imenso mar dourado de entrega e abandono.

Ao longe, anda lenta uma longa caravana que percorre a passo cadente o curvilíneo do horizonte, num bailado cúmplice de sombras onde se deleita a mais pura visão do prazer.
O calor nota-se ardente de desejo e mistura a respiração com o odor do êxtase, sucedendo-se em vagas de leite e mel, numa sede que não acaba nunca.
E quando ainda o Sol se deita com os corpos já cansados, um luar emerge num céu anilado cor de fogo, brotando abundante da Lua que tomou a cor verde dos prados dos sonhos de Amor.

domingo, julho 23, 2006

Fragmentos

Vêem de mansinho, quais felinos de andar manso e olhar fixo, procurando no fascínio encontrar a fechadura dos sentimentos que nos desarmam cada vez mais a cada momento que passa.
Recorrem à inteligência, ao encanto e até ao desejo de bem fazer e que por mal não se tomem, não vá a máscara cair em cascatas de verdade que se esconde por detrás das boas intenções, fazendo-nos regressar ao bom senso de ignorar o que não é verdadeiro.
Apelam a quem acuda, mesmo que se alimentem, não só da dádiva como da mão que a fez, reduzindo a pó o que antes era muralha, quase sempre fazendo do direito o que antes era mais um dever.
Fazem triste, tudo à passagem, como uma praga de maldição, que transforma em fragmentos, o melhor dos sentimentos, ou talvez não.

sexta-feira, julho 21, 2006

Eis que vos vejo

Caminhem sorrindo, que felizes se acham,
Antes por caminhos, que achem floridos,
Mais por encanto do que deveras garridos.

Clamem assim de contentamento,
Numa voz que de contente, se chama,
Para que se diga que não goste mas ama
Crendo ser esse o entendimento.

terça-feira, julho 18, 2006

Ensino: Alunos, Professores e Mestres-escola

Nos últimos dias tenho, à semelhança dos demais, assistido à novela (para não dizer tourada que a época agora é disso e por respeito aos alunos e à grande maioria dos professores) dos exames do 12º ano, alguns dos quais, aparentemente elaborados incorrecta e se for verdade o que por aí se diz, vergonhosamente.

Mas infelizmente, este não é um caso isolado, nem agora o Ministério da (In)Cultura ou da Educação ou de outro nome qualquer, que titule o ensino em Portugal, é pior do que tem sido antes.
Infelizmente, depois de Abril de 1974, ainda não apareceu um governo que dê ao ensino em Portugal, a atenção que este merece, uns por receio político (não sei de quê) de adoptar modelos do "passado", outros por estão revestidos de alguns "cursos superiores", daqueles que são usados como "refugo" de nada servir e de nada saber, outros ainda, porque são incapazes de resolver os problemas do ensino em Portugal, submissos à crença política generalizada de que quanto mais desapercebido o político passar, mais probabilidades tem de subsistir no aparelho do Estado, hibernando à espera da reforma choruda que saqueou ao desgoverno.

Ensino Básico:

Sim, aquele, que antigamente chamávamos de "Ensino Primário". Aquele que durante anos teve manuais que frequentemente passavam de mão em mão e que muito dinheiro pouparam a quem os reutilizou. Aprendia-se na mesma a ler, a escrever e a contar.
Hoje os manuais são escolhidos de acordo com os critérios das escolas, e quiçá, dos lobbies das editoras junto das mesmas. Mudam-se os anos, mudam-se os manuais, e por vezes mudam-se estes durante os anos, quando as necessidades de aprender são ainda quase as mesmas ao longo dos anos.
E porque acontece isto ? Porque se desperdiça tanto dinheiro ? Por simples incompetência e inoperacionalidade do Ministério da tutela que é incapaz de definir os manuais obrigatórios para um número de anos alargado.

Ensino Secundário:

Sim, foi este o ensino que durante décadas alimentou a capacidade produtiva deste país, com as escolas industriais, comerciais e os liceus.
Sim, foi este o ensino que deu de comer a famílias e ganhou o respeito além fronteiras, quando se expunha e dava a conhecer a capacidade dos técnicos e operários portugueses.
Hoje a palavra "operário" causa urticária a muita gente, uns porque são políticos e usar tal palavra os parece aproximar duma qualquer ideologia marxista ou algo do género, outros porque a recusam enquanto nada fazem ou fazem algo que de nada serve.
Porque acabaram com os modelos de ensino que ensinavam a trabalhar e a produzir ?
Primeiro disseram que as crianças ainda não tinham capacidade de decidir sobre o seu futuro. Pois, na altura ainda não existia a disponibilidade de técnicos / psicólogos que os ajudassem a identificar aptidões e tendências.
Óptimo, então hoje temos alunos que chegam até à idade adulta, e continuam a ser incapazes de escolher um futuro, porque aquilo que vão descobrindo de que gostam, não tem saída no mercado e acabam por ir frustados e profissionalmente sem preparação, "pairar" nas empresas num emprego qualquer de ocasião que um amigo lhes arranjou.

Ensino Superior:

Englobo aqui, a abordagem do 12º ano, que anterirmente também foi o "Ano Propedéutico". Para que serve, na realidade, um ano escolar, onde se pretente, segundo o que já foi indiciado, reavaliar todo o ensino secundário, ou preparar os alunos para a realidade das universidades? No mínimo, diria que este ano serve apenas de atraso da vida escolar dos alunos, para não falar das condições degradantes com que o Ano Propedêutico foi constituído e após ele, o 12º Ano.
A somar a isto tudo, temos um ensino superior, em nada conectado com o ensino secundário, ou seja, são duas realidades distintas que não se complementam nem dialogam.
Lembro-me de algumas "cadeiras" de engenharia onde se pretendia em magros semestres leccionar o que supostamente se teria aprendido no antigo curso geral das escolas industriais. Lembro-me de professores ´da cadeira de "Electromagnetismo" do Instituto Superior Técnico de Lisboa, em atitudes arrogantes, regozijarem-se do elevadíssimo índice de reprovação nos exames, cujo conteúdo da disciplina em causa, para os alunos de Engª Mecânica, para além de ser usual levarem vários anos para conseguirem fazê-la, pouco mais servia do que inspiração para o desprezo que lhe votavam quando almejavam os míseros 10 valores.
Lembro-me de professores (assistentes sobretudo) em atitudes de histeria, como um que vi na cadeira de Mecânica de Fluidos, que ocupava o tempo das aulas em deduções matemáticas, e ignorando os fundamentos da cadeira que leccionava, isto para não falar na completa ignorância que tinha sobre bombas hidráulicas, onde misturava os conceitos, de forma plenamente anedótica.

É este o ensino que pretendemos ?
E quem avalia de forma credível e honesta a capacidades dos estabelecimentos de ensino e dos seus docentes ? E quem o sabe fazer ?
Qundo se separa o trigo do joio, em matéria de docentes, evitando misturar todos numa amálgama de malfeitores ?
E quem avalia efectiva e eficazmente a capacidade e a viabilidade dos alunos, face ao seu desempenho e perspectivas no ensino que frequentam ou pretendem frequentar ?
Quem gere a comunidade escolar, nomeadamente de forma a evitar que alunos fiquem a "estagnar" em estabelecimentos de ensino, só porque estão na idade obrigatória de frequência escolar, sem que contudo tenham o aproveitamento mínimo exigível ou o comportamento cívico exigível, sem que por vezes os professores possam fazer algo ?
Quem acompanha efectivamente os alunos, evitando, impedindo ou alertando para situações de índices escandalosos de reprovações, para professores que aparecem nas aulas aparentemente drogados, para alunos de histórico excepcional que de repente passam a ter notas baixas, para aulas que são leccionadas por nomes sonantes da sociedade e cujas aulas são imcompreensíveis, para alguns professores que se tornam "pequenos reis" nos seus decrépitos departamentos das universidades ? Quem ? O Ministério ? Não me parece, pois nem internamente demonstra discernimento para emitir exames correctos e adequados.

É nesta torrente da ignorância e mau ensino, que alunos passam a professores e a alguns metre-escola (esses que recordamos com saudade) e outros, talvez os que menos aprenderam até se tornam gente que se pretendia respeitável, com responsabilidades no ensino em Portugal.

Por mim, no ensino, salvo raras excepções, bastaria voltar a 1973 e implementar liberdade e condições de acesso ao mesmo. Voltaria a formar, operários, técnicos, mecânicos, electricistas, enfermeiros, médicos, engenheiros, etc.. Chamem-lhes o que quiserem, mas aos 18 anos (os que ainda não tinham entrado nas universidades), todos eles sabiam trabalhar e produzir alguma coisa.

quinta-feira, julho 13, 2006

Quisiera yo


Quisiera yo que mi cuerpo se disolviera en el viento para portarme junto de ti, mientras digo à la luna para llamarte á la ventana para que me dejes entrar en tu espacio.

Quisiera yo besar l’agua, mientras las olas porten mis besos cubriendo tu cuerpo cuando te bañas en la mar.

Quisiera yo que no deseara todo esto, para que no fueras bajo la luna, tu, la deseada.