quarta-feira, novembro 29, 2006

Diz-me meu amigo ...


Diz-me meu amigo, de que é feita a Amizade, que sinto e não vejo...
Diz-me meu amigo, se souberes, de que é feito o Silêncio onde gritam os que estão ausentes, que sinto e não vejo...
Diz-me, de que é feito o Amor que arde dentro de mim e me consome, que sinto e não vejo...

Diz-me meu amigo, de que é feita a Tristeza com que a partida nos cobra, que sinto e não vejo...
Diz-me meu amigo, se souberes, de que é feita a Morte com que terminamos, que sinto e não vejo...
Diz-me, de que é feita a Saudade que traça este caminho, que sinto e não vejo...

Diz-me meu amigo, de que é feito o Sentimento com que te lembro, que sinto e não vejo...
Diz-me meu amigo, se souberes, de que é feita a Felicidade com que te encontro, que sinto e não vejo...
Diz-me, de que é feito o Bater do Coração, que sinto e não vejo...

Diz-me meu Amigo, de que é feito o Mundo ... que eu vejo e não sinto.

4 comentários:

Zeca disse...

O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do Mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.

Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?

O único sentido das coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.

Não acredito em Deus porque nunca o vi.

Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, “Aqui estou!”


Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e o sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
Desculpa ter-me alongado mas é fruto da minha inspiração matinal, um bom-dia!

Maria Carvalho disse...

Pois. Não me digas nada. Beijos.

Anónimo disse...

Diz-me meu amigo... Diz-me tu!

Ana

Memória transparente disse...

"Diz-me meu Amigo, de que é feito o Mundo ... que eu vejo e não sinto"


Beijinho.