quarta-feira, novembro 22, 2006

Franchising religioso


Há dias entre dedos e teclas do telecomando, numa azáfama incompreensível do “zapping” televisivo, caí inesperadamente numa sessão televisiva ao serviço da I.U.R.D. (Igreja Universal do Reino de Deus. Decidi submeter-me por instantes àquela retórica, qual teste ao senso que me tende a desconfiar das santas falas com que se embalam os crentes na sua mais respeitável devoção.

Os que não me conhecem, atirar-me-ão decerto, precipitados, as acusações de profano, agnóstico ou ateu.
Os que me conhecem, saberão que para católico, mais cristão me acharão, e que entre cristãos, judeus, hindus, budistas ou muçulmanos e demais crentes, bem me encontro com todos eles, conquanto seja o Homem que se aperfeiçoando se aproxime do Deus que busca e na religião não encontre motivo de exclusão de ninguém nem de atentar contra os que não lhes partilhem o credo ou a falta dele.

Confesso que áparte a convicção religiosa de cada um, existem situações que até a tolerância mais permeável tem dificuldade em aceitar. Aquela sessão, supostamente conduzida por um sacerdote de oratória adequada a um renhido feirante, impondo um produto claramente duvidoso aos que passam, numa missão devota a um franchising religioso, no qual o sotaque brasileiro se tornou condimento habitual.
Até mesmo invocando S.João ao comentarem:

“O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir;
eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (João 10:10)

não sendo difícil no entanto em que grupo aqueles falsos sacerdotes se enquadram e não foi para trazer a vida nem a abundância de certeza, que não seja a deles próprios.

Compreendo que todos os credos mereçam respeito e tolerância. Compreendo que não seja fácil avaliar legalmente a idoneidade da actuação das organizações ou seitas religiosas, mas casos há em que a evidência da intoxicação mental é por demais evidente. Não está em causa a boa fé dos crentes, mas a postura e as falsas promessas dos ditos sacerdotes, para os quais a punição antiga do alcatrão e penas de galinha se adequava bem nos paramentos que a justiça popular imporia por castigo ao abuso da boa fé.

3 comentários:

Zeca disse...

É mesmo, tens toda a razão é nisto o que dá, já não há coonvicção, qualquer charlatão é logo bem-vindo
João 4:1-3: “Provai as expressões inspiradas para ver se se originam de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo afora."
Realmente é de bradar aos céus, já começa a faltar a paciência.
Um abraço

Maria Carvalho disse...

Mais uma vez tens razão...Beijos.

Anónimo disse...

Religião... não vou comentar o que acho das várias seitas que sobrevivem à conta de pessoas desesperadas para encontrar um caminho que as leve a algo positivo. Pk sabes bem as minhas convicções nesse campo.
Que as seitas hoje em dia são uma forma fácil de extorquir dinheiro já não é novidade... continuo a dizer k só lá vai quem quer... ou quem não consegue ir além de si mesmo.
Como sempre o texto está magnifico .

Beijo eterno _ Rui


Ana Luar