quarta-feira, dezembro 13, 2006

Só, na noite ...

Noite fria, com o céu a brilhar ao ritmo das iluminações de Natal na baixa lisboeta, olhando indiferente aos poucos carros que avançam na avenida, no adiantado da hora.
O termómetro anuncia severo a baixa temperatura e nem o aquecimento do carro ajudava a aquecer a alma, que parecia avançar desatenta no frio da noite.
Os pensamentos vagueavam como anjos em torno duma árvore de Natal enquanto as pessoas nos passeios, iam encolhidas com passos apressados, quais figuras de um presépio do tamanho da cidade.
O silêncio era atormentado pelas rajadas de vento, enquanto o telemóvel reclamava repetindo-se, pela recarga de uma bateria que solidária comigo se ia entregando ao cansaço.
A teimosia e a presença insistentes do telemóvel, despertaram uma irónica e inquieta sucessão de pensamentos e de questões:

“a quem me apetecia ligar naquele momento ?”
“se quisesse, teria de facto alguém a quem fizesse sentido ligar ?
“se precisasse realmente, ligaria a alguém ? a quem ligaria ?”
“se ligasse àquela hora, quem atenderia de facto ?”

Abruptamente, num acto quase de misericórdia, o telemóvel sucumbira entretanto ao esgotamento da bateria num gemido final que me despertou para a realidade da condução e da estrada, com que dirigia o automóvel e também a vida.
Chegara entretanto a casa e em silêncio acabei por deitar-me, votando ao descanso o telemóvel que sabia inútil naquela noite e na alma.

Em momentos de desespero ou de solidão, o telemóvel ou uma mensagem podem fazer a diferença e até salvar uma vida, em que a verdadeira natureza das pessoas se revela.
Dedico este post à felicidade de uma família, onde uma mensagem fez a diferença para que a dor desse lugar à reconciliação e a uma nova oportunidade.

5 comentários:

Anónimo disse...

Belo e aconchegante.
Renascimento.
***maat

Maria Carvalho disse...

Sentidas palavras as tuas, como sempre. E tens toda a razão. A mensagem ou o telefonema na hora certa...beijos para ti.

Anónimo disse...

Desejos de óptima semana.

Anónimo disse...

Nunca estarás só Rui... nunca, enquanto eu existir...
Estarei sempre aqui... Chama, e eu vou... Mesmo que seja apenas para ficar em silêncio.
Não o faço em retribuição... Faço-o por amor... pelo amor que deveria unir todos os amigos.

Ana Luar

Zeca disse...

Obrigado pelas tuas palavras, um Feliz Natal para ti e família.