terça-feira, setembro 12, 2006

Viva mais a sua casa

Neste fim de semana, por necessidade comum a muitos mais, decidi deslocar-me ao IKEA, agora tão em moda entre aqueles que como eu tiveram necessidade de satisfazer uma arrumação com um qualquer móvel que cumprisse os requisitos já estabelecidos.

Apesar de já saber o que queria, o tempo e o espaço dilataram-se numa combinação demasiado irritante, a que se associaram o desespero e a contrariedade de quem se sente perdido num labirinto à partida pouco evidente mas mesmo assim, demasiado eficaz.
Entre o emaranhado de utensílios, móveis e de sei lá mais o quê, aquele formigueiro de gente que se perde e acha, arrastou-me para uma procissão quase apática, onde a fé é remetida rapidamente para a vontade de concluir a compra e emergir de novo para a liberdade de volta aos espaços livres.

Entre voltas e reviravoltas, num caminhar constante mas sem direcção ou sentidos claramente definidos, fui alimentando o descontentamento com a constatação de como:

  • Os caminhos estavam assinalados, sem que contudo estivessem a apelar a atenção do cliente, numa atitude cínica de o manter nos espaços na sugestão da compra;

  • Portas de saída, eram algumas, mas com indicação de acesso restrito e facilmente indetectáveis à atenção dos clientes que as quisessem identificar em caso de necessidade urgente;

  • Os stoks indicados pelo sistema informático anunciam existências que os expositores desmentem, obrigando a migrar de secção em secção numa procura em vão, dos produtos sugeridos por empregados, apesar de tudo, diligentes;

  • Para rematar e chegar à zona de self-service e de pagamento, o percurso a fazer, transforma o acto numa travessia que desafia a paciência, enquanto se atravessam áreas sucessivas como dunas constantes num deserto contínuo, qual caravana saturada à míngua da compra.

Com tudo aquilo, coloquei-me irritado, contantemente as questões ?

  • E se houvesse um incêndio ou qualquer outra emergência ? Como encontrariam as pessoas a saída ?

  • Como se ousa traçar e aprovar percursos labirínticos que transformam a mais simples das compras, numa jornada indesejada ?

Fiquei sem saber se de facto o IKEA tem um elevado número de clientes, ou se apenas um pequeno número de pessoas consegue encontrar um meio fácil e eficaz de sair em tempo útil.

Para mim ficou claro que "IKEA, nunca mais" e que o slogan que aquele anuncia "viva mais a sua casa" era mesmo para levar a sério.

4 comentários:

Anónimo disse...

Nem me atrevo a dizer mais nada... Afinal acabaste de dizer tudo o que havia a dizer sobre o IKEA
rsrsrs...

Nilson Barcelli disse...

Eu entrei 2 ou 3 vezes lá. Na cidade onde estou, na Alemanha, é exactamente igual.
Também não gosto e não voltarei, a menos que não tenha alternativa.
Mas reconheço que aquilo está bem feito para a maioria dos clientes, que gostam de passear para fazer uma comprinha ou só para esticarem as pernas...
As condições de segurança também me parecem dúbias. Mas a configuração, plano de emergência, etc., só podem ter sido aprovados e tudo estar de acordo com a legislação.
Abraço.

Maria Carvalho disse...

Não faço ideia! Nunca lá fui! Nem tenciono ir, se é que queres saber! Beijinhos no teu humor...

Anónimo disse...

Os grandes espaços são construídos na filosofia do não-indivíduo. Neles cada um é mais uma "coisa", entre as várias " coisas"...

Os grandes espaços são territórios desumanos que não quero frequentar.

P.P.

***maat